Contaminação cruzada: o que é, como evitar e consequências

Um problema sério nas indústrias, a contaminação cruzada tem o potencial para causar danos significativos à saúde pública e à reputação das empresas.

E esse não é um desafio simples de lidar. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, da ONU, estima-se que 600 milhões de pessoas são afetadas anualmente por doenças de origem alimentar, resultando em 420.000 mortes.

Números alarmantes que destacam a importância de entender e combater a infecção cruzada na indústria alimentícia.

Afinal, como pequenas falhas nos processos de produção podem levar a consequências tão graves?

Neste artigo, vamos explorar o que é a contaminação cruzada, suas causas, impactos e as melhores práticas para evitá-la no ambiente industrial. Continue a leitura!

O que é contaminação cruzada?

A contaminação cruzada ocorre quando agentes contaminantes são transferidos, direta ou indiretamente, de uma superfície ou alimento para outra

Na infecção cruzada direta, os contaminantes são transferidos diretamente entre alimentos ou superfícies. Já na indireta, a transferência ocorre através de um intermediário, como utensílios ou mãos de manipuladores.

Além disso, a contaminação pode ser classificada em três tipos principais: biológica, química e física

A contaminação biológica é causada por microrganismos como bactérias, vírus e parasitas. Estes agentes podem transformar alimentos em veículos de doenças graves.

Por exemplo, bactérias como Salmonella e E. coli são comuns em casos de intoxicação alimentar.

A contaminação química envolve a presença de substâncias nocivas, como pesticidas, resíduos de limpeza e metais pesados, que podem resultar em envenenamento e problemas de saúde a longo prazo.

Por fim, a contaminação física refere-se a materiais indesejáveis nos alimentos, como fragmentos de vidro, metal ou plástico, que podem causar ferimentos graves.

Principais causas da contaminação cruzada

Entender as principais causas da contaminação cruzada na indústria alimentícia é essencial para preveni-la. Vamos às principais, com foco em processos produtivos:

  • Higiene inadequada das mãos: Manipuladores de alimentos que não lavam as mãos corretamente transferem microrganismos patogênicos para os alimentos. No caso da indústria, o uso de luvas adequadas é crucial.
  • Uso compartilhado de utensílios e superfícies: Utensílios e superfícies mal higienizadas são fontes comuns de contaminação. Por exemplo, usar a mesma tábua para cortar carnes cruas e vegetais pode transferir bactérias como Salmonella.
  • Armazenamento incorreto de alimentos: Alimentos crus armazenados junto com alimentos prontos para consumo permitem a transferência de contaminantes. O armazenamento correto, em recipientes separados, é crucial.
  • Falta de treinamento adequado: Funcionários sem treinamento em práticas de higiene e segurança alimentar não seguem os protocolos necessários para evitar a contaminação.
  • Equipamentos mal conservados: Máquinas e utensílios com manutenção inadequada acumulam resíduos e microrganismos, contaminando alimentos durante o processamento.
  • Presença de pragas: Insetos e roedores são vetores de contaminação, trazendo microrganismos e detritos para áreas de produção.

Impactos da contaminação cruzada na saúde

A contaminação cruzada de alimentos pode ter graves consequências para a saúde pública, especialmente no que se refere às Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs).

Elas são causadas por agentes patogênicos, como bactérias, vírus e parasitas, que contaminam os alimentos.

Entre 2014 e 2017, o Sistema de Vigilância Epidemiológica de Doenças Transmitidas por Alimentos (VEDTA), do Ministério da Saúde, registrou 85 surtos de DTA relacionados à Salmonella no Brasil, resultando em 3.433 doentes e dois óbitos.

Exemplos de DTAs e suas consequências

  • Salmonella: Provoca febre, diarreia e cólicas abdominais, podendo ser fatal em casos graves.
  • E. coli: Pode causar diarreia severa e, em alguns casos, levar à síndrome hemolítico-urêmica, que afeta os rins.
  • Listeria: Em mulheres grávidas, pode causar aborto espontâneo, parto prematuro ou infecção neonatal grave.

Impactos na indústria

  • Saúde pública: A infecção cruzada facilita a disseminação de microrganismos prejudiciais, comprometendo a segurança dos alimentos e colocando a saúde dos consumidores em risco.
  • Impacto financeiro: Doenças transmitidas por alimentos podem resultar em recalls caros, descarte de produtos, honorários legais e acordos judiciais. Além disso, a reputação da empresa pode ser prejudicada, levando à perda de clientes e redução nas vendas. Em casos extremos, as empresas podem ser forçadas a fechar devido à não conformidade com as regulamentações de segurança alimentar.
  • Conformidade legal: Empresas do ramo alimentício devem cumprir rigorosas regulamentações locais, nacionais e internacionais de segurança alimentar. Casos de contaminação cruzada podem levar à não conformidade, resultando em multas, penalidades e até suspensão ou revogação de licenças operacionais.
  • Confiança doconsumidor: Confiança é uma palavra-chave para reter clientes na indústria alimentícia. Incidentes de infecção cruzada podem corroer essa confiança, gerando questionamentos sobre o compromisso da marca com a segurança e a qualidade dos seus produtos.
  • Gestão de Alérgenos: A contaminação cruzada de alimentos pode colocar em risco os consumidores com alergias, já que alérgenos de um produto podem acabar em outro inadvertidamente.

Como evitar a contaminação cruzada?

Garantir a segurança alimentar e proteger a saúde dos consumidores é um compromisso inegociável. No entanto, apenas a ação das empresas pode mitigar ou eliminar os desafios.

Uma abordagem proativa, que aborde todas as etapas do processo produtivo, do chão de fábrica ao supply chain, é essencial.

Mas por onde começar? Sugerimos alguns passos indispensáveis, veja só:

Passo a passo para evitar contaminação cruzada na indústria de alimentos
Passo a passo para evitar contaminação cruzada na indústria de alimentos

1. Higiene pessoal e das mãos

A lavagem adequada das mãos é uma das formas mais simples e eficazes de prevenir a contaminação cruzada.

Funcionários devem lavá-las frequentemente, especialmente após manipular alimentos crus, usar o banheiro ou tocar em superfícies contaminadas.

Para quem faz parte do processo produtivo e precisa manipular diretamente alimentos ou produtos, é necessário o uso de luvas de proteção.

2. Boas práticas de manipulação de alimentos

A indústria alimentícia é vital, mas igualmente complexa. Seus processos são cuidadosamente desenhados para que não existam brechas.

Nesse sentido, treinamentos regulares para todos os funcionários são essenciais em cada etapa da cadeia produtiva.

3. Uso adequado de equipamentos de limpeza

Equipamentos de limpeza devem ser utilizados exclusivamente para suas funções designadas e higienizados após cada uso.

Por exemplo, panos e esfregões usados para limpar áreas de processamento de carne crua não devem ser usados em áreas de preparação de alimentos prontos para consumo.

4. Armazenamento seguro de alimentos

Alimentos crus e prontos para consumo devem ser armazenados separadamente para evitar a infecção cruzada.

Além disso, utilize recipientes fechados e etiquetados para armazenar alimentos.

5. Manutenção e higienização de equipamentos

Equipamentos de processamento devem ser regularmente higienizados para evitar o acúmulo de resíduos que possam causar contaminação, essa ação pode fazer toda diferença.

Estabeleça um cronograma de limpeza rigoroso e utilize produtos de limpeza aprovados para uso em áreas alimentícias.

A manutenção deve ser cuidadosa, prezando pela limpeza das peças que entrarão em contato com alimentos.

6. Certificações e normas

Seguir as certificações e normas de segurança alimentar ajuda a garantir que as práticas de prevenção sejam eficazes.

7. Gestão de fornecedores

Garantir que todos os fornecedores sigam as mesmas normas de segurança alimentar é crucial.

Realize auditorias regulares e verifique a conformidade dos fornecedores, pois ajuda a prevenir a contaminação na cadeia de suprimentos.

8. Uso de tecnologia

A implementação de tecnologias de monitoramento e gestão de alimentos pode ajudar a identificar e controlar pontos críticos de contaminação.

Além de sistemas digitais de gerenciamento de segurança alimentar (FSMS), sua planta deveria contar com sensores capazes de monitorar cada aspecto da operação.

Assim, ao menor sinal de problema (seja um desalinhamento ou nível elevado de vibração), seu time de manutenção pode agir rapidamente para uma correção proativa.

Normas e regulamentações

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) são os principais responsáveis pela segurança e qualidade dos produtos alimentícios.

Eles aplicam regulamentações internacionais, como as estabelecidas pela Codex Alimentarius, a Comissão Europeia e a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA.

  • Comissão codex alimentarius (CAC): Define padrões internacionais para a segurança e qualidade dos alimentos, sendo um referencial global seguido pelo Brasil.
  • Sistema de gestão da segurança alimentar (SGSA): Garante a produção, manipulação e distribuição de alimentos seguros, incluindo diretrizes rigorosas para o controle de qualidade e gerenciamento de riscos.
  • Boas práticas de fabricação (BPF): Funcionam como um manual de boas práticas de cada organização, estabelecendo a base para a produção e preparação de alimentos seguros, abordando aspectos como controle de pragas, higiene e sanitização dos funcionários.
  • Sistema de análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC): Um método sistemático para identificar, avaliar e controlar perigos na produção de alimentos. Foi criado nos EUA e é conhecido como Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP).

Produtos e tecnologias para prevenção

A prevenção da contaminação cruzada começa com a escolha correta de produtos e tecnologias.

Produtos de limpeza recomendados aprovados por órgãos reguladores, como a ANVISA, asseguram a eficácia na eliminação de bactérias e vírus.

As tecnologias inovadoras também desempenham um papel crucial.

O maquinário de uma planta fabril alimentícia exige ainda mais cuidados do que outros setores, como a manufatura pesada, por exemplo.

Falhas mecânicas em uma esteira podem abrir brechas para contaminações e problemas que afetem o produto em si.

Por isso, ter um olho atento a cada aspecto do seu maquinário, bem como da manutenção na indústria alimentícia, pode fazer toda diferença.

Afinal, nessas condições, qualquer defeito (como o nível elevado de vibração) pode ser um sinal alarmante para um problema ainda maior.

Além disso, sistemas de monitoramento digital, que rastreiam a limpeza e a sanitização em tempo real, ajudam a manter padrões elevados de higiene.

Dispositivos de esterilização por UV são outra tecnologia promissora, capazes de desinfetar rapidamente áreas de preparação de alimentos sem a necessidade de produtos químicos.

Ferramentas e utensílios antibacterianos, como facas e tábuas de corte tratadas com agentes antimicrobianos, reduzem significativamente o risco de infecção cruzada.

Como o Smart Trac pode ajudar na prevenção de contaminação cruzada

E se a sua operação pudesse mitigar os riscos de contaminação cruzada, passíveis de acontecer justamente nas essenciais paradas para manutenção do seu maquinário?

Indústrias alimentícias são proativas em estabelecer rotinas de manutenção preventiva em suas plantas.

No entanto, é justamente a necessidade de intervir — sem a certeza de estar realmente lidando com um problema — que abre brechas para contaminações.

Ou seja, reduzir a necessidade de intervenções desnecessárias e agir proativamente somente em ações de manutenção necessárias é essencial.

Exemplos do sensor de vibração sendo aplicado em maquinários da indústria alimentícia
Exemplos do sensor de vibração sendo aplicado em maquinários da indústria alimentícia

Monitoramento de vibração com sensor Smart Trac aplicado a ativos do setor alimentício (bombas de transferência, redutores e motobombas)

É justamente esse tipo de poder preditivo que o Smart Trac, solução da TRACTIAN, proporciona.

Com o monitoramento em tempo real das condições dos equipamentos, nossos sensores identificam falhas potenciais logo na sua raiz, nos estágios iniciais.

Assim, seu time técnico responsável pela manutenção entra em cena quando for realmente necessário.

Além disso, a solução emite alertas automáticos e oferece um histórico de manutenção detalhado, que facilita a rastreabilidade e a análise de dados, permitindo identificar padrões e prevenir futuros problemas.

O registro completo dessas informações ainda contribui no  cumprimento de normas.

Dessa forma, garante que todas as atividades estejam em conformidade com as regulamentações de segurança alimentar.

Veja os benefícios da manutenção preditiva na prática, mitigue os riscos de contaminação cruzada na sua operação alimentícia. Conheça o Smart Trac!

Marianna Musso

Marianna Musso

Engenheira de Aplicações

Engenheira Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo, pós graduada em Gerenciamento de Projetos pela FGV, especialista em gestão de manutenção industrial. É engenheira de aplicações na TRACTIAN.

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