5 formas de usar IA generativa na manutenção industrial

JP Voltani

Atualizado em 19 nov. de 2025

5 formas de usar IA generativa na manutenção industrial

5 formas de usar IA generativa na manutenção industrial

A manutenção industrial está entrando em uma nova fase: equipes que, durante anos, dependeram exclusivamente de experiência prática e procedimentos fixos agora começam a testar como a IA generativa pode apoiar decisões técnicas. 

Mas, à medida que as primeiras aplicações aparecem no dia a dia (com diagnósticos automatizados, drafts de POPs ou revisão de planos preventivos) surge um padrão claro: a eficiência da IA depende diretamente da qualidade e da profundidade dos dados que ela consegue acessar.

E é justamente por isso que os resultados têm variado tanto entre plantas.

Em operações onde a IA atua isolada, sem conexão com históricos de falha, modos de falha, BoM, criticidade ou dados operacionais, o ganho é limitado. 

Já em operações em que a IA está integrada a um CMMS, por exemplo, lendo documentos técnicos, interpretando padrões recorrentes e relacionando comportamentos entre ativos semelhantes, o impacto é exemplar, incluindo menos variabilidade nas respostas, mais precisão nos diagnósticos e maior padronização na execução.

Neste artigo, você verá 5 formas de usar a IA generativa na sua manutenção industrial, pensadas para equipes que já dominam a rotina de manutenção e buscam utilizar IA generativa para acelerar análise, organizar informação crítica e fortalecer processos de confiabilidade. 

Por que a IA ainda soa superficial na maior parte das plantas

Mesmo com o avanço recente das ferramentas generativas, a maioria das plantas industriais ainda enfrenta o mesmo obstáculo: a IA entrega respostas corretas do ponto de vista conceitual, mas insuficientes do ponto de vista operacional. Isso é porque falta contexto. 

É necessária uma maior visibilidade sobre elementos que estruturam a manutenção: criticidade, histórico de OS, padrões de falha recorrentes, recomendações OEM, atualizações de processo e limites operacionais.

Na prática, isso se manifesta em três frentes.

Por que a IA ainda soa superficial na maior parte das plantas

Primeiro, com a desconexão entre dados. Grande parte das informações relevantes para diagnóstico e planejamento está fragmentada: OS em um sistema, procedimentos em pastas compartilhadas, datasheets em PDFs antigos, modos de falha em planilhas paralelas. A IA, quando usada isoladamente, não tem acesso a esse ecossistema e, sem isso, não enxerga comportamento, tendência ou causa raiz.

Segundo, com a dificuldade de capturar a variação real de operação. Equipamentos idênticos, instalados na mesma planta, operam sob cargas diferentes, com históricos diferentes e com intervenções conduzidas por equipes distintas. A IA precisa desse pano de fundo para sugerir algo acionável. Sem ele, tende a generalizar.

Terceiro, com a ausência de padrões previamente validados. Sem um modelo de referência (como por exemplo uma biblioteca de falhas, uma taxonomia de ativos, ou uma estrutura de procedimentos) a IA gera conteúdo válido, mas genérico. 

A solução de tudo isso passa por uma inteligência artificial melhor integrada aos elementos estruturantes da sua operação. 

E das formas de uso corretas. Mas quais são elas?

1. Diagnóstico contextual baseado em histórico e modos de falha

O uso mais intuitivo da IA generativa na manutenção costuma aparecer na forma de diagnósticos rápidos: o técnico descreve um sintoma, pede uma lista de causas possíveis e obtém uma resposta imediata. Só que esse tipo de análise funciona só até certo ponto. 

A IA identifica padrões genéricos (como vibração elevada associada a desbalanceamento ou ruído metálico ligado a falha de rolamento), mas não considera aquilo que realmente determina o comportamento de um ativo: seu histórico individual.

Uma integração com um CMMS é uma forma de alterar o valor do prompt.

Quando a IA consegue olhar para as últimas 20 ordens de serviço, para os registros de inspeção, para o BoM, para as recomendações OEM e para o modo de falha mais recorrente daquele ativo, ela consegue se basear em evidências.

Exemplo de prompt

“Com base no histórico do ativo [X] (últimas falhas, intervenções e medições), avalie o aumento de vibração lateral de [A] para [B] e o pico de temperatura recente.

Relacione os sintomas com modos de falha já registrados para este equipamento e identifique as causas mais prováveis, citando evidências específicas.

Indique a ação recomendada e o risco de continuidade operacional.”

2. Padronização técnica com base em documentação e histórico real

Uma segunda aplicação prática da IA generativa na manutenção é a padronização de procedimentos, algo que, apesar de essencial para manter consistência entre turnos, ainda enfrenta barreiras estruturais na maioria das plantas. 

Parte significativa dos POPs e SOPs nasce de documentos antigos, anexos dispersos ou conhecimento tácito dos técnicos mais experientes. À medida que a equipe gira ou que o processo muda, esse material deixa de refletir a realidade operacional.

A IA generativa, quando desconectada da rotina, consegue sugerir procedimentos aceitáveis, porém genéricos. Já quando está integrada a um CMMS, ela acessa elementos que fazem diferença no campo: datasheets OEM, BoM atualizado, recomendações técnicas validadas, padrões de inspeção anteriores e falhas que se repetiram ao longo dos anos

Assim, o procedimento gerado não é apenas uma lista de etapas, mas uma síntese do comportamento real daquele equipamento ao longo do tempo.

Essa padronização é especialmente útil para ativos que exigem intervenções mais críticas ou recorrentes, como alinhamentos, reapertos estruturais, ajustes de lubrificação ou verificações térmicas. A IA consegue consolidar informação fragmentada e entregar um procedimento coerente, que ajuda tanto as equipes mais experientes quanto novos integrantes do time.

Exemplo de prompt

“Gere um POP para a intervenção no ativo [X], utilizando como base o BoM, o manual OEM, o histórico de falhas recorrentes e as inspeções registradas nos últimos meses.

Inclua ferramentas obrigatórias, valores-limite, sequências críticas, cuidados de segurança e critérios de aceitação.”

3. Recalibração de preventivas com base no comportamento real do ativo

A IA generativa ajuda a recalibrar planos de manutenção com base em dados reais, reduzindo decisões que seriam baseadas apenas em percepção. 

Por exemplo, ao analisar indicadores como MTBF, registros de lubrificação, horas de operação, críticas apontadas por inspeções, histórico de falhas recorrentes e padrões de degradação, a IA identifica onde existe oportunidade de ajuste: atividades em excesso, atividades insuficientes, ciclos mal posicionados ou tarefas que deveriam migrar de preventiva para preditiva.

Isso permite que a equipe valide, com mais precisão, se o plano está alinhado ao risco operacional e ao custo de oportunidade do ativo, especialmente em plantas com parques amplos, onde cada ajuste incremental pode representar dezenas de horas a menos em intervenção desnecessária.

A principal vantagem desse tipo de uso é a consistência, afinal, a IA não se apoia em percepção ou memória, mas em dados acumulados ao longo da operação, respeitando a criticidade e o comportamento individual de cada equipamento. 

Para gestores, isso significa uma abordagem mais racional na definição de periodicidade e menos variabilidade entre turnos ou plantas.

Exemplo de prompt

“Com base no comportamento histórico do ativo [X] (MTBF, intervenções recentes, carga operacional e falhas recorrentes), identifique oportunidades de ajuste no plano preventivo atual. 

Indique quais tarefas podem ter sua periodicidade reduzida ou ampliada e quais poderiam migrar para inspeções condicionadas.

Justifique cada ajuste com base nas evidências encontradas.”

4. Análise de causa raiz com correlação entre eventos, falhas e contexto operacional

A análise de causa raiz costuma exigir um volume significativo de informação distribuída entre diferentes fontes: históricos de falha, intervenções recentes, registros de processo, apontamentos de técnicos, condições ambientais e até mudanças sutis no regime de operação. 

Consolidar tudo isso manualmente leva tempo e, muitas vezes, as correlações mais importantes passam despercebidas, sobretudo em plantas com grande variedade de ativos e equipes enxutas.

A IA generativa consegue acelerar esse processo ao relacionar eventos que, isoladamente, não explicariam a falha, mas que, quando analisados em conjunto, revelam padrões consistentes. Isso inclui, por exemplo, identificar falhas que sempre ocorrem após um determinado ajuste operacional, correlação entre temperatura ambiente e desempenho, interferência entre equipamentos próximos ou variações de carga que antecedem comportamentos atípicos.

Com isso, a IA passa a cruzar:

  • registros de OS,
  • inspeções que identificaram microanomalias,
  • medições repetidas de vibração ou temperatura,
  • intervenções corretivas que não eliminaram a causa,
  • e sequências de falhas recorrentes ao longo de meses.

Tudo isso ajuda a direcionar a verificação em campo.

Exemplo de prompt

“Considere o histórico completo do ativo [X], incluindo falhas sucessivas, intervenções aplicadas, alterações de processo e variações de condição operacional registradas. 

Relacione esses elementos e identifique hipóteses de causa raiz mais prováveis, indicando as correlações encontradas. 

Liste também ações de verificação recomendadas para confirmar ou descartar cada hipótese.”

5. Preparação de intervenções críticas com checagens específicas e visão consolidada do ativo

Em intervenções críticas, é um desafio enorme reunir rapidamente as informações que determinam como essa execução deve acontecer. Para muitos ativos, isso envolve consultar o BoM, recuperar valores-limite definidos pelo fabricante, revisar intervenções recentes, conferir riscos associados à continuidade de operação e validar materiais indispensáveis antes do deslocamento ao campo.

No entanto, a IA generativa consegue simplificar essa etapa ao consolidar dados operacionais, recomendações técnicas e histórico recente em um único ponto de referência, reduzindo retrabalho e evitando improvisos durante a execução.

Essa aplicação não substitui a análise do técnico, mas organiza o contexto de forma clara, especialmente útil em plantas com múltiplos ativos críticos e equipes que precisam responder rapidamente sem perder precisão.

Exemplo de prompt

“Com base no histórico do ativo [X], incluindo BoM, falhas recentes, inspeções registradas e limites definidos pelo fabricante, gere uma lista consolidada para uma intervenção crítica.

Estruture em: materiais necessários, verificações obrigatórias, etapas sensíveis e condições que indicam necessidade de parada imediata.”

​​O que esses prompts revelam sobre o uso da IA na manutenção

Os cinco cenários apresentados têm algo em comum: nenhum deles depende do “prompt perfeito”. Eles dependem da qualidade da base de informações sobre a qual a IA se apoia. 

Isso mostra uma mudança importante na forma como a IA deve ser implementada na manutenção industrial e que pode direcionar os próximos passos da sua indústria também: adicionar uma ferramenta nova ao processo não é o suficiente, é necessário criar uma camada de interpretação que opera sobre o que a equipe já faz todos os dias. 

Isso inclui abrir OS, registrar inspeções, documentar falhas, executar planos e alimentar indicadores.

Quando a IA está integrada ao fluxo, cada ação se transforma em insumo para análises futuras. E é essa interação contínua entre processo, dados e interpretação que diferencia o uso superficial da IA daquele que realmente fortalece a confiabilidade. É aqui que a infraestrutura de manutenção deixa de ser um repositório e passa a ser o sistema que sustenta a própria qualidade das análises feitas pela IA.

Como a Tractian eleva a sua indústria com uma IA Generativa

A IA generativa só entrega valor de verdade quando acoplada à rotina de manutenção. Para que ela consiga analisar padrões de falha, sugerir ajustes de planos, estruturar procedimentos e antecipar riscos, é necessário que tenha acesso direto ao histórico, à documentação técnica, às inspeções, à criticidade e aos comportamentos individuais dos ativos. 

É isso que transforma uma recomendação genérica em uma análise alinhada ao que está acontecendo no chão de fábrica.

O CMMS da Tractian foi projetado para ser exatamente isso: o ambiente onde os dados operacionais são organizados, estruturados e conectados, permitindo que a IA generativa trabalhe com profundidade.

Ele reúne, em um único sistema:

  • Ordens de serviço bem preenchidas
  • Inspeções consistentes
  • Planos preventivos validados
  • Modos de falha
  • Bibliotecas técnicas
  • Datasheets e BoM
  • Indicadores que refletem o comportamento real dos ativos

Essa estrutura cria a base necessária para que a IA consiga interpretar o contexto, identificar tendências e sugerir ações com a precisão que a sua operação exige. 

Quando a IA passa a operar sobre dados estruturados, ela entende não apenas o sintoma isolado, mas a trajetória do ativo, o ritmo com que determinadas falhas evoluem, os componentes que mais sofrem desgaste, a relação entre intervenções passadas e recorrência de problemas, além dos desvios que antecedem falhas funcionais.

O CMMS da Tractian não só organiza a sua manutenção, mas eleva a maturidade da sua operação, permitindo que a IA generativa atue como uma camada adicional de análise, coerente com o que o time já construiu e capaz de acelerar decisões críticas.

Se quiser ver na prática como funciona, faça um teste gratuito e descubra hoje mesmo como o CMMS da Tractian pode elevar o seu chão de fábrica.
JP Voltani
JP Voltani

VP of Engineering

Como Vice-Presidente de Engenharia da Tractian, JP Voltani é o arquiteto da tecnologia que transforma dados industriais em insights que impulsionam o lucro. Um líder prático, ele orienta as equipes por trás do Industrial Copilot da Tractian e suas ferramentas intuitivas, que oferecem alertas antecipados e orientações claras para equipes de manutenção em todo o mundo. Ao defender a experimentação rápida, a autonomia e um foco incansável no cliente, JP mantém a Tractian na vanguarda da inovação industrial.