APPCC: O Que É, Importância e Como Implementar

A Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) é um sistema rigoroso de controle de qualidade e segurança alimentar, indispensável para a indústria alimentícia.

Desenvolvido originalmente nos anos 60, pela NASA, em parceria com a Pillsbury Company, esse sistema foi criado para garantir que os alimentos utilizados nas missões espaciais fossem totalmente seguros. 

Desde então, ele evoluiu para se tornar um padrão global, essencial para assegurar a qualidade do alimento em todas as etapas de produção.

A importância do sistema APPCC na indústria vai além do cumprimento das normas e regulamentações, como a ISO 22000. 

Ele é vital para prevenir contaminações alimentares, protegendo tanto a saúde dos consumidores quanto a reputação das empresas. 

Neste artigo, vamos detalhar a definição de APPCC, discutir sua relevância no contexto da segurança alimentar e apresentar as etapas para implementar esse sistema!

Os 7 Princípios do Sistema APPCC

A implementação da Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), ou Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP), exige o entendimento e aplicação dos sete princípios do APPCC que garantem a segurança e a qualidade dos alimentos. 

Cada princípio desempenha um papel crucial na identificação, controle e mitigação de riscos, assegurando que o produto final esteja conforme as normas de segurança alimentar.

São eles:

Entenda quais os sete princípios do sistema APPCC
As diretrizes que norteiam o sistema APPCC

1. Análise de Perigos

A análise de perigos é o primeiro e mais crítico passo. 

Este princípio envolve a identificação de potenciais perigos biológicos, químicos e físicos que podem comprometer a segurança do produto durante o processo de produção ou a contaminação cruzada.

Por exemplo, em uma linha de produção de carnes, a presença de patógenos como a Salmonela seria um perigo a ser analisado e controlado.

2. Determinação dos Pontos Críticos de Controle (PCCs)

Após identificar os perigos, é necessário determinar os Pontos Críticos de Controle (PCCs). Esses são os pontos no processo em que o controle é essencial para prevenir ou eliminar um perigo, ou para reduzi-lo a um nível aceitável. 

Em uma planta de laticínios, a pasteurização é um exemplo clássico de PCC, quando a temperatura deve ser rigorosamente controlada para eliminar microrganismos patogênicos.

3. Estabelecimento de Limites Críticos

Cada PCC deve ter limites críticos claramente definidos, que são os parâmetros que separam a operação segura da insegura. 

Por exemplo, o limite crítico para a pasteurização do leite pode ser uma temperatura mínima de 72 °C por 15 segundos. Esses limites devem ser baseados em normas regulamentares e em dados científicos.

4. Monitoramento de Processos

O monitoramento de processos nos PCCs é essencial para garantir que os limites críticos sejam mantidos. 

Isso pode ser feito com instrumentos de medição, como sensores de temperatura, ou inspeções visuais em tempo real. 

A importância do monitoramento reside na capacidade de detectar desvios imediatamente, permitindo a aplicação de ações corretivas rápidas.

5. Ações Corretivas

Quando o monitoramento de processos indica que um limite crítico foi excedido, é fundamental que sejam tomadas ações corretivas imediatas. 

A correção do processo ou a retirada do produto do mercado, caso ele já tenha sido distribuído, são algumas dessas ações.

Por exemplo, se a temperatura de pasteurização cair abaixo do limite crítico, o lote de leite afetado deve ser reprocessado ou descartado.

6. Verificação de Procedimentos

A verificação garante que o sistema APPCC esteja funcionando conforme o planejado.

Entram aqui auditorias regulares, testes adicionais e a revisão de registros para confirmar que os PCCs estão sendo controlados segundo os planos estabelecidos. 

A verificação também pode envolver a calibração de equipamentos e a validação de procedimentos de monitoramento e correção.

7. Documentação e Registro

Finalmente, a documentação é essencial para o sistema. Manter registros detalhados de todas as etapas, desde a análise de perigos até as ações corretivas, é a melhor resposta para demonstrar a conformidade com as normas e para facilitar as auditorias. 

Esses registros servem como evidência de que a empresa está comprometida com a segurança alimentar.

Como Identificar e Estabelecer Pontos Críticos de Controle (PCCs)?

A identificação e o estabelecimento dos Pontos Críticos de Controle (PCCs) são etapas fundamentais para garantir que os riscos à segurança alimentar sejam controlados de maneira eficaz. 

O processo envolve técnicas rigorosas que permitem a identificação dos pontos em que o controle é indispensável para prevenir, eliminar ou reduzir a um nível aceitável os perigos que possam comprometer a qualidade dos alimentos.

Vamos entender melhor agora!

Identificação de PCCs

O primeiro passo na identificação de PCCs é a realização de uma análise detalhada do processo de produção, em que são mapeadas todas as etapas e identificados os potenciais perigos. 

Uma ferramenta comumente utilizada para esta tarefa é o diagrama de decisão, que ajuda a determinar se uma etapa do processo é um PCC. 

Na prática: quando se trata do processo de cozimento de carnes, a temperatura de cocção é um fator crítico que precisa ser rigorosamente controlado para eliminar patógenos.

Os diagramas de decisão auxiliam na avaliação sistemática de cada etapa do processo, fazendo perguntas específicas, como:

  • "Existe um risco que pode ser prevenido nesta etapa?"
  • "Este controle é necessário para a segurança do produto final?".

 Se a resposta for sim, essa etapa é identificada como um PCC, e medidas específicas de controle devem ser implementadas.

Estabelecimento de Limites Críticos

Uma vez que os PCCs são identificados, o próximo passo é estabelecer os limites críticos, como já mencionamos. 

Esses parâmetros mensuráveis envolvem aspectos como temperatura de cocção, pH, ou atividade de água (Aw), que determinam a fronteira entre um processo seguro e inseguro.

Outro exemplo aqui é que, ao cozinhar carnes, um limite crítico pode ser uma temperatura de cocção mínima de 75 °C, que deve ser mantida por um tempo específico para garantir a eliminação de microrganismos nocivos. 

Esses limites são baseados em evidências científicas e regulatórias, como as diretrizes da OMS e as normas locais de segurança alimentar.

Controle de Riscos

Garantir o controle de riscos no processo produtivo depende diretamente da correta identificação de PCCs e do estabelecimento de limites críticos bem fundamentados. 

Por exemplo, se durante o monitoramento é detectado que a temperatura de cocção caiu abaixo do limite crítico, é necessário aplicar uma ação corretiva, como prolongar o tempo de cozimento ou descartar o lote afetado, para garantir que o risco foi controlado.

Implementar essas práticas com precisão não apenas protege a saúde do consumidor, mas também fortalece a conformidade com as normas de segurança alimentar e melhora a confiança nos produtos da empresa.

Monitoramento e Ações Corretivas no APPCC

O monitoramento no APPCC é fundamental para garantir que os Pontos Críticos de Controle (PCCs) estejam operando dentro dos limites críticos estabelecidos. 

Procedimentos de monitoramento contínuo, como o controle de temperatura e tempo, são essenciais para a detecção precoce de qualquer desvio que possa comprometer a segurança alimentar. 

Esse é o caso da verificação regular da temperatura de cocção em um processo de cozimento, que assegura que os alimentos atinjam a temperatura necessária para eliminar patógenos.

Quando um desvio é identificado, é fundamental que as ações corretivas sejam imediatas e bem definidas. 

Essas ações podem incluir o ajuste do processo, a reprocessamento de lotes ou, em casos mais graves, a retirada do produto do mercado. 

Ter procedimentos de resposta a não conformidades claramente documentadas e atribuídas é essencial para minimizar riscos e manter o controle de qualidade. 

Relatórios de inspeção e auditorias internas garantem que as ações corretivas sejam eficazes e cumpram os padrões regulatórios.

Verificação e Documentação no APPCC

A verificação é responsável por garantir que o sistema esteja funcionando conforme planejado.

O maior exemplo disso são as auditorias periódicas, momento para se revisar os procedimentos, dados e registros e assegurar que os Pontos Críticos de Controle (PCCs) estão sendo mantidos dentro dos limites críticos estabelecidos. 

Registros de temperatura, checklists de monitoramento e relatórios de manutenção garantem que todas as etapas do processo estejam em conformidade com as normas de segurança alimentar.

Manter uma documentação de APPCC detalhada é igualmente importante. Esses registros fornecem evidências de que o sistema está sendo monitorado corretamente e permitem identificar áreas de melhoria.

Benefícios da Implementação do APPCC na Indústria

A Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle tem muitos impactos positivos na segurança alimentar, no entanto, mais do que isso, é fundamental qualquer empresa que busque se destacar pela excelência na qualidade do alimento.

Entre seus três principais benefícios, podemos destacar:

Os benefícios do APPCC são a melhoria na qualidade dos alimentos, menos despedícios e maior confiança do consumidor.
O APPCC traz enormes benefícios para indústrias alimentícias.

Melhoria na Qualidade dos Alimentos

A implementação do sistema APPCC resulta em uma melhoria significativa na qualidade do alimento. 

O motivo disso é porque, ao identificar e controlar Pontos Críticos de Controle (PCCs), as empresas conseguem garantir que os produtos estejam livres de perigos biológicos, químicos e físicos

Isso tanto protege a saúde dos consumidores como assegura que os alimentos atendam aos mais altos padrões de segurança do alimento e conformidade regulatória, como o ISO 22000.

Redução de Desperdícios

Outro dos principais benefícios do APPCC é a redução de desperdícios

Quando se implementa controles rigorosos nos PCCs e realizar ações corretivas imediatas, as empresas conseguem minimizar a quantidade de produtos que não atendem aos critérios de qualidade.

Isso se traduz em menores perdas financeiras e uma operação mais eficiente, além de contribuir para a sustentabilidade do processo produtivo.

Aumento da Confiança do Consumidor

A confiança do consumidor é diretamente impactada pela implementação eficaz do APPCC. 

Se os consumidores sabem que uma empresa adota práticas rigorosas de segurança alimentar e controle de qualidade, as chances da satisfação e da lealdade aumentar são maiores. 

É uma boa prática para fortalecer a marca no mercado e diferenciar a empresa da concorrência, garantindo uma posição de destaque na indústria alimentícia.

Como o Smart Trac Pode Potencializar a Segurança e Eficiência no Sistema APPCC?

Integrar tecnologia avançada, como o Smart Trac da TRACTIAN, ao sistema APPCC oferece uma vantagem significativa. 

O Smart Trac proporciona monitoramento em tempo real das condições operacionais de equipamentos críticos — o que é essencial para manter todos os parâmetros dos PCCs dentro dos limites seguros.

Isso é de grande valor na Indústria Alimentícia, setor em que a confiabilidade do processo produtivo está diretamente ligada à segurança alimentar.

Com o uso de sensores inteligentes, o Smart Trac permite a prevenção de falhas ao antecipar problemas antes que eles ocorram, reduzindo significativamente as paradas não programadas. 

O sensor de vibração Smart Trac, com tecnologia patenteada e líder no mercado de manutenção preditiva, oferece conectividade 3G/LTE e envia alertas automáticos em tempo real sempre que detecta qualquer alteração na vibração, temperatura, entre outros fatores.

Implementar o Smart Trac como parte da estratégia de segurança alimentar oferece às indústrias alimentícias uma ferramenta poderosa para otimizar a produção, reduzir riscos e fortalecer a conformidade com o sistema APPCC.

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Conclusão

O APPCC é um pilar fundamental na manutenção da segurança alimentar e da qualidade dos alimentos. 

Sua aplicação rigorosa assegura que os produtos cheguem ao consumidor final livres de perigos, protegendo a saúde e fortalecendo a confiança na indústria alimentícia. 

Sua importância, inclusive, não se limita ao cumprimento de regulamentações; ele também desempenha um papel crucial no sucesso contínuo das empresas do setor.

Olhando para o futuro, o APPCC deve continuar a evoluir, principalmente a partir de tecnologias emergentes que possibilitam monitoramento mais preciso e ações corretivas mais rápidas. 

À medida que as regulamentações futuras se tornam mais rigorosas, a integração de tecnologias avançadas, como o Smart Trac, se tornará ainda mais essencial para garantir a eficácia do sistema. 

Para continuar entendendo a relação entre segurança de equipamentos e o setor de alimentação, leia também nosso artigo sobre como prevenir falhas mecânicas na Indústria Alimentícia!

Marianna Musso

Marianna Musso

Engenheira de Aplicações

Engenheira Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo, pós graduada em Gerenciamento de Projetos pela FGV, especialista em gestão de manutenção industrial. É engenheira de aplicações na TRACTIAN.

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