A inspeção sensitiva é uma das técnicas mais utilizadas na manutenção que consiste em utilizar os sentidos humanos a fim de avaliar a condição dos equipamentos e componentes.
Contando com a expertise do inspetor é possível identificar uma série de defeitos e anomalias graves no processo.
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Com o uso da audição é possível identificar ruídos irregulares como sons de batidas, chocalho e arrasto, indicando sobrecargas, peças frouxas, vibração excessiva entre outros.
O olfato é utilizado para reconhecer odores, como de queimado em componentes eletroeletrônicos ou de contaminação de óleo lubrificantes.
Pelo tato, a temperatura elevada e o excesso de vibração podem ser percebidos, embora não seja recomendado tocar na superfície da máquina pelo risco de lesão.
Já a visão – sentido mais utilizado, podem visualizar vazamentos, formação de espuma, escurecimento do óleo, acúmulo de sujeira, pontos de corrosão, parafusos soltos, entre outros.
Assim, o inspetor consegue realizar uma análise da condição dos equipamentos e coletar informações valiosas que serão utilizadas para planejar novas intervenções em manutenções corretivas, preventivas e corretivas programadas.
Compreendendo as Rotas de Inspeção
As inspeções são planejadas de forma periódica e sistematizadas a fim de avaliar os equipamentos do processo em rotas estratégicas.
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As rotas vão além da análise individual de cada equipamento, abrangendo uma visão ampla do processo produtivo e considerando a função de cada equipamento nesse contexto.
Por exemplo, em uma área de moagem, temos o material a ser moído, a tremonha de recepção, uma esteira transportadora, um moinho martelo, entre outros componentes. O objetivo é inspecionar todos os equipamentos ao longo desse fluxo, desde o início até o fim.
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É essencial entender o papel de cada equipamento dentro desse processo pois uma condição irregular no início do fluxo pode implicar em falhas em etapas posteriores.
Isso implica em dominar o fluxo do processo, identificando cada etapa e os equipamentos responsáveis por cada função, para assim identificar a causa raiz da irregularidade do processo.
Por exemplo, a velocidade da correia transportadora pode afetar a quantidade de material alimentado no moinho, o que, por sua vez, pode levar a problemas de vibração e danos à carcaça.
Ao ter uma visão ampla do processo, é possível identificar causas raiz, como uma regulagem inadequada da correia, que provoca vibração excessiva no motor acionador do moinho e consequentemente diminui a vida útil dos rolamentos.
Instrumentos utilizados na inspeção sensitiva
Nas inspeções sensitivas não há a necessidade de utilizar instrumentos complexos para auxiliar na avaliação dos equipamentos. Porém podem ser utilizadas ferramentas que aprimoram e quantificam as análises como:
- Paquímetro: Utilizado para medir o desgaste de componentes, como chapas e rolos. Com base nas medições, é possível prever o momento adequado para a substituição de peças desgastadas.
- Termômetro: Ideal para a medição da temperatura em mancais, rolamentos e motores redutores. O uso do termômetro permite identificar variações anormais de temperatura, indicando possíveis problemas de lubrificação ou superaquecimento.
- Lanterna: Essencial para a visualização adequada dos equipamentos, especialmente em áreas de baixa luminosidade. A lanterna permite identificar visualmente problemas, como vazamentos e trincas.
- Gabaritos: Permitem medir a espessura de paredes de tubulações, cascos de equipamentos e outros componentes, identificando possíveis desgastes, corrosão ou erosão que possam comprometer a integridade estrutural.
A escolha das ferramentas dependerá das características específicas de cada equipamento e da natureza da indústria em questão.
Implementando Rotas de Inspeção na prática
As rotas de inspeção precisam ser sistematizadas para identificar avarias com regularidade e trazer confiabilidade para os processos.
Utilizar um sistema de gestão desenvolvido para manutenção é a melhor forma de estruturar as rotas de inspeção otimizadas que gerem um histórico robusto com as análises e montem relatórios relevantes.
A seguir, apresentamos algumas etapas para a implementação de rotas de inspeção no sistema de gestão da manutenção da TRACTIAN, o TracOS™.
1. Identifique os equipamentos envolvidos:
Liste todos os equipamentos relevantes dentro do processo produtivo, como silos, correias, peneiras, moinhos, redutores, motores, mancais, entre outros.
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Uma árvore de ativos bem montada com ordem de hierarquia correta entre os equipamentos, permitirá identificá-los com agilidade e facilitar a montagem das rotas otimizadas que avaliam os equipamentos corretos.
2. Defina a frequência da inspeção:
Determine a periodicidade das inspeções, levando em consideração a natureza dos equipamentos e as necessidades específicas da aplicação.
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As inspeções podem ser realizadas em diferentes periodicidades (diário, semanal, mensal, anual) dependendo do processo.
Os equipamentos podem ser analisados em funcionamento ou parados, dependendo das condições de acesso e dos componentes que serão analisados, dessa forma as rotas devem ser planejadas de acordo com o estado de funcionamento das máquinas.
3. Crie uma lista de verificação para cada equipamento:
Para cada equipamento, elabore uma lista de itens a serem verificados durante a inspeção. Essa lista pode incluir aspectos mecânicos, elétricos, pneumáticos, de desgaste, de desempenho, de segurança, entre outros.
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4. Registre e analise os resultados:
Além dos checklists, registre o máximo de informações com medições de parâmetros importantes e fotos sobre os equipamentos.
Esses dados serviram como histórico de funcionamento das máquinas e servirão como base de comparação quando forem identificadas anomalias.

Analise essas informações para identificar padrões de comportamento e a causa raiz das condições irregulares.
5. Estabeleça um plano de manutenção:
Com base nas análises, crie um plano de manutenção estratégico para cada equipamento.
Esse plano deve incluir as atividades preventivas a serem realizadas, a periodicidade, os itens, ferramentas e os responsáveis pela execução.
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Um bom planejamento trará muitos benefícios com mais informações sobre os equipamentos, aumentar a confiabilidade dos equipamentos e trazer mais previsibilidade para o uso de recursos da manutenção.
6. Acompanhe a eficácia das rotas de inspeção:
Monitore regularmente os indicadores de desempenho dos equipamentos e avalie a eficácia das rotas de inspeção.
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Faça ajustes e melhorias conforme a necessidade da equipe e acompanhe a execução das atividades planejadas para identificar possíveis pontos de melhorias.
Se bem executadas as rotas de inspeção trazem muitos benefícios para a manutenção conseguindo identificar irregularidades com o baixo custo de implementação, enorme flexibilidade podendo se adaptar às necessidades do processo e ainda pode ser complementada com outras técnicas de monitoramento de condição, como análise de vibração e termografia.
Quando executadas junto de um software de manutenção como o TracOS™, os benefícios são potencializados, trazendo mobilidade para a inspeção, registro dos parâmetros relevantes na plataforma, análises das inspeções com base em dados e relatórios gerados automaticamente.
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