Scrap Rate: como calcular e reduzir o desperdício na indústria

Scrap Rate: como calcular e reduzir o desperdício na indústria

O desperdício na manufatura custa mais caro do que a maioria dos gestores de planta imagina. Mesmo um aumento pequeno no scrap rate pode gerar perdas significativas em materiais, mão de obra e eficiência produtiva. Ainda assim, muitas fábricas aceitam níveis elevados como se fossem um “custo inevitável” da operação — e com isso deixam passar oportunidades claras de melhorar seus resultados financeiros.

Na prática, o scrap rate é um dos indicadores mais reveladores da saúde produtiva de uma empresa. Quando os materiais terminam no lixo em vez de seguir para o cliente, o sinal é inequívoco: existem problemas mais profundos de confiabilidade dos equipamentos, controle de processo ou gestão da qualidade que precisam ser atacados imediatamente.

Neste guia, vamos detalhar o que realmente significa acompanhar o scrap rate, como calcular o índice, quais são suas principais causas e, principalmente, como reduzi-lo de forma estruturada — para que sua equipe consiga transformar desperdício em eficiência e lucro.

O que é Scrap Rate

O scrap rate mede a porcentagem de materiais ou produtos que se tornam inutilizáveis durante o processo produtivo. O cálculo é feito dividindo-se o total de refugo pelo volume total produzido e multiplicando o resultado por 100.

Esse índice é fundamental porque mostra o quanto a fábrica consegue, de fato, transformar matéria-prima em produto vendável. Quando o scrap rate sobe, dificilmente se trata de um evento isolado. Normalmente, ele revela problemas a montante: equipamentos fora de especificação, operadores com métodos inconsistentes ou defeitos de matéria-prima que escaparam do controle de qualidade.

É importante lembrar que o refugo aparece em diferentes formas. Pode ser matéria-prima recebida já danificada, peças em processo que falham durante a fabricação ou até produtos acabados que não atingem o padrão exigido. Independentemente da etapa, o impacto é sempre o mesmo: tempo perdido, recursos desperdiçados e menor throughput.

As causas variam, mas quase sempre se resumem a alguns fatores centrais: erros em etapas do processo, baixa qualidade de insumos, desvios não planejados de máquina e falhas humanas na regulagem ou operação. Identificar em qual ponto da linha a quebra acontece é o primeiro passo para retomar o controle e reduzir o desperdício.

Como calcular o Scrap Rate na manufatura

O scrap rate é calculado a partir de uma fórmula simples:

Esse cálculo fornece um percentual claro de quanto da sua produção acaba sendo perdido como sucata. É o ponto de partida para acompanhar melhorias ao longo do tempo e comparar desempenho entre linhas, turnos ou até unidades fabris.

O processo envolve três etapas principais.

Primeiro, é preciso definir o total produzido em um período específico, que pode ser um turno, um dia, uma semana ou um mês — o que importa é a consistência. Esse total inclui tudo o que saiu da linha, tanto peças aprovadas quanto defeituosas, ou seja, o throughput real da operação. Cada indústria utiliza sua própria unidade de medida: peças ou quilos na metalurgia, galões ou bateladas na indústria química, caixas ou peso na indústria alimentícia. Mais importante do que o formato é escolher um critério e mantê-lo.

Em seguida, é necessário contabilizar as unidades defeituosas. A precisão do índice depende dessa etapa, e por isso é essencial diferenciar o que é retrabalho do que é sucata definitiva. Algumas falhas podem ser corrigidas, outras não. Se a peça não pode ser recuperada ou usada com segurança, deve ser registrada como scrap. Aqui, metodologias estruturadas como FMEA ajudam a padronizar critérios e evitar variações de julgamento entre operadores, inspetores e supervisores. A consistência dessa definição é o que garante credibilidade aos dados.

Por fim, basta dividir o número de unidades descartadas pelo total produzido e converter em porcentagem. A interpretação do resultado varia de acordo com o setor. Em manufaturas de alta precisão, mesmo um scrap rate baixo já acende um alerta. Em indústrias pesadas, um índice mais elevado pode ainda estar dentro de limites aceitáveis. O ponto crucial é entender o que é “normal” para seu processo e usá-lo como benchmark.

Por que o Scrap Rate importa para custo e qualidade

Cada unidade que termina na caçamba de sucata representa mais do que material perdido. É tempo de operador, energia gasta, horas-máquina e recursos administrativos que não contribuem para o resultado final.

O impacto é direto nos custos: aumenta o consumo de matéria-prima, prolonga o uso de equipamentos e eleva a necessidade de mão de obra para compensar as perdas. Mas os custos indiretos podem ser ainda mais pesados — horas extras para recuperar a produção, pedidos urgentes para atender à demanda e retrabalho que ocupa a equipe em tarefas que não geram valor. Quando peças defeituosas chegam ao cliente, a consequência é ainda mais grave: perda de confiança e desgaste da reputação.

O scrap rate também funciona como um espelho da disciplina operacional. Um índice elevado geralmente aponta problemas em materiais, máquinas ou métodos. Já um índice baixo revela controle de ponta a ponta: da preparação da linha até a execução e a inspeção final.

Algumas empresas tentam recuperar parte do valor por meio da reciclagem de materiais. Mas, mesmo quando os preços do mercado de sucata estão favoráveis, o retorno raramente cobre o que foi gasto para produzir aquela peça. O fato é que, em quase todos os casos, prevenir o desperdício é muito mais rentável do que tentar recuperar valor depois.

Maneiras práticas de reduzir o Scrap Rate

Reduzir o scrap rate não significa apenas reagir mais rápido quando o problema aparece. O verdadeiro ganho vem de eliminar as causas antes que elas se manifestem. Isso exige mudar o foco de correções pontuais para estratégias que atacam a raiz do desperdício. Desgaste de equipamentos, inconsistência no método dos operadores ou variabilidade na matéria-prima são alguns exemplos de fatores que, se não controlados, multiplicam defeitos ao longo da linha.

A lógica enxuta é indispensável nesse cenário: quanto mais cedo se identifica onde os defeitos começam, mais fácil é evitar que avancem e gerem perdas em escala.

Maneiras práticas de reduzir o Scrap Rate

Treinamento e padronização dos operadores 

O erro humano é uma das principais fontes de refugo, mas pode ser evitado quando a equipe compreende não apenas o “como”, mas também o “porquê” de cada tarefa. Instruções de trabalho bem definidas eliminam a variabilidade entre turnos e garantem que todos executem o processo da mesma forma, independentemente do nível de experiência. 

Além disso, treinamentos periódicos são fundamentais para reforçar padrões, acompanhar mudanças em equipamentos e sustentar a precisão necessária em áreas de alto risco de desperdício, como usinagem e processos de fabricação complexos.

Manutenção Preventiva 

Máquinas não falham de uma vez, elas saem gradualmente de sua faixa ideal de operação. Um desgaste de ferramenta, um dispositivo desalinhado ou um motor perdendo rendimento podem gerar desvios imperceptíveis no início, mas suficientes para elevar o scrap rate. Um calendário estruturado de manutenção permite identificar e corrigir esses problemas antes que se transformem em perdas maiores. Quando os ativos operam dentro das especificações de projeto, a variação do produto fica sob controle e a qualidade se mantém estável.

Dados para localizar defeitos

Muitas vezes, o desperdício se esconde em padrões que não aparecem no dia a dia do chão de fábrica. Ferramentas de controle estatístico de processo (SPC) e outras análises ajudam a revelar tendências antes que se tornem falhas caras. Monitorar taxas de scrap por máquina, por turno ou por lote de matéria-prima permite rastrear a origem dos problemas e agir com precisão. A partir daí, cada intervenção se torna um investimento certeiro, não uma tentativa no escuro.

O valor real do Scrap: preços de aço e outros materiais

Reciclar sucata pode até recuperar parte do valor perdido, mas dificilmente compensa o que foi gasto para produzir a peça em primeiro lugar. O preço de revenda depende de variáveis como tipo de material, pureza, demanda de mercado, volume disponível e até a forma como os resíduos são separados. Aço ou alumínio limpos, por exemplo, sempre terão maior valor por quilo do que cargas misturadas ou contaminadas. Já o cobre costuma alcançar retornos mais altos do que o aço, devido ao seu valor intrínseco e à forte demanda por reciclagem.

O problema é que esses preços são extremamente voláteis. As cotações do aço acompanham o mercado global, enquanto o alumínio e o inox sofrem variações mensais. Além disso, quando os volumes gerados são baixos ou a planta fica distante de centros de reciclagem, o custo logístico pode consumir todo o retorno.

Cada setor encara esse equilíbrio de forma diferente. Indústrias eletrônicas podem recuperar metais preciosos de placas de circuito, enquanto montadoras tendem a focar na reciclagem de aço e alumínio. Ainda assim, o raciocínio é o mesmo: a recuperação só faz sentido quando economia e logística caminham juntas.

No fim das contas, a prevenção de desperdício é sempre mais valiosa do que a recuperação. Mesmo em cenários de mercado favoráveis, o preço do scrap cobre apenas uma fração do custo original de material e processamento. Ou seja, entender a dinâmica dos preços pode ajudar, mas controlar o scrap rate gera muito mais impacto no resultado do que tentar compensar o prejuízo depois.

Avançando com monitoramento em tempo real e manutenção estruturada

Reduzir o scrap rate não é apenas uma questão de processo, mas também de tempo de resposta. Quanto mais cedo a equipe identifica um desvio, mais fácil é evitar que o desperdício se acumule.

Um CMMS bem implementado permite organizar rotinas de manutenção, históricos de equipamentos e fluxos de inspeção em um único sistema. Assim, nenhuma falha, tarefa esquecida ou problema de qualidade fica fora do radar. Com essa visibilidade, torna-se possível mapear quais ativos geram mais scrap, registrar ocorrências recorrentes e vincular cada ordem de serviço a um resultado mensurável. Isso facilita a priorização de inspeções, o acompanhamento de máquinas críticas e a criação de ciclos de feedback que impedem a repetição de erros.

Quando essa estrutura é combinada ao monitoramento de condição em tempo real, o controle se torna ainda mais preciso. Sensores e sistemas de análise detectam desvios de processo e sinais de desgaste antes que se transformem em peças defeituosas. Dessa forma, os operadores conseguem agir preventivamente, ajustando parâmetros e evitando desperdícios de material.

No case da Vetorial Siderurgia, por exemplo, o uso das tecnologias da Tractian permitiu evitar 1.200 horas de ações corretivas, gerar um ganho efetivo de produção com 375 toneladas de ferro-gusa, além de possibilitar um ROI aproximado de 600%. Esse exemplo real mostra como monitores constantes e alertas automáticos permitem intervir antes que defeitos se transformem em scrap, paradas ou desperdício de insumos.

Em resumo: prevenir scrap é ter as ferramentas certas para impedir que os problemas se consolidem — e não apenas reagir quando o prejuízo já está feito.

Como o CMMS da Tractian reduz o desperdício na manufatura

Em ambientes industriais dinâmicos, reduzir o scrap rate exige mais do que consciência do problema. Exige controle — e esse controle não é fácil de alcançar quando desvios de qualidade não são rastreados, falhas de máquina surgem sem aviso e relatórios se perdem no meio do fluxo. Nessas condições, o desperdício cresce silenciosamente até que seja tarde demais.

É aqui que o CMMS da Tractian transforma o jogo. 

Ao centralizar ordens de serviço, históricos de manutenção, inspeções e dados de saúde dos ativos em um só lugar, ele oferece a visibilidade em tempo real necessária para identificar problemas antes que se tornem sucata. A programação de tarefas pode ser feita de acordo com a condição dos ativos, cada intervenção pode ser conectada ao desempenho do equipamento, e tendências de risco são automaticamente sinalizadas, garantindo qualidade e disponibilidade constantes.

Com o apoio de inteligência artificial, o sistema vai além do básico. Ele agenda tarefas com base no estado real dos ativos e recomenda ações preventivas considerando padrões históricos e comportamento da máquina. Técnicos recebem alertas com contexto, suporte para análise de causa raiz e prioridades claras, reduzindo o espaço para erros e aumentando o controle sobre a produção.

Se a sua fábrica ainda perde tempo, material e dinheiro com desperdícios que poderiam ser evitados, o CMMS da Tractian é a ferramenta que traz clareza e controle. Faça um teste gratuito e veja por conta própria.

Geraldo Signorini
Geraldo Signorini

Engenheiro de Aplicações

Geraldo Signorini é o Diretor Global de Implementação da Tractian, liderando a integração de soluções industriais inovadoras em todo o mundo. Com sólida experiência em confiabilidade e gestão de ativos, possui as certificações CAMA e CMRP e atua como membro do conselho da SMRP, contribuindo para a comunidade global de manutenção. Geraldo é mestre em Engenharia de Confiabilidade e tem ampla expertise em estratégia de manutenção, manufatura enxuta e automação industrial, conduzindo iniciativas que elevam a eficiência operacional e posicionam a manutenção como pilar fundamental da performance industrial.