Right First Time (RFT): Guia Completo Para Equipes de Manutenção

Right First Time (RFT): Guia Completo Para Equipes de Manutenção

Toda equipe de manutenção conhece a frustração de ter que corrigir o mesmo problema duas vezes. Um rolamento substituído que não dura o esperado. Um selo de bomba que volta a vazar antes mesmo do próximo turno. Uma calibração que sai da especificação antes do mês acabar.

Esses problemas recorrentes não só desperdiçam tempo e dinheiro, como também minam a confiança no programa de manutenção. E a solução não está em trabalhar mais ou mais rápido. 

O que resolve mesmo é aplicar uma abordagem inteligente e sistemática, como o Right First Time (RFT) — ou, em português, Fazer Certo de Primeira.

Quando bem implementado, o RFT elimina o retrabalho ao ajudar a equipe de manutenção a executar as tarefas corretamente já na primeira tentativa. 

Este guia completo vai mostrar como medir, aplicar e sustentar práticas de RFT capazes de transformar a qualidade da manutenção: de um modelo reativo, caótico e “apagador de incêndios” para um sistema proativo, que constrói confiabilidade a cada intervenção.

O que é o Indicador Right First Time (RFT) na Manutenção?

O Right First Time (RFT) é um princípio de gestão da qualidade que garante que as tarefas de manutenção sejam concluídas corretamente na primeira execução, sem necessidade de retrabalhos, reinspeções ou visitas adicionais. Na prática, significa que reparos, substituições ou tarefas preventivas são feitos de forma correta logo no primeiro contato do técnico com o equipamento.

Embora tenha surgido nos sistemas de qualidade da manufatura, o RFT tornou-se essencial para equipes de manutenção que lidam com ativos cada vez mais complexos e janelas operacionais cada vez mais curtas. Diferente das abordagens reativas, que aceitam o retrabalho como parte do jogo, a filosofia RFT enxerga cada intervenção como uma oportunidade de gerar resultados duradouros.

A diferença entre a manutenção tradicional e o RFT não está em “trabalhar bem”, mas na preparação sistemática, execução padronizada e verificação estruturada, que eliminam o improviso. Quando a troca de um rolamento é feita corretamente de primeira, o ativo permanece mais tempo em operação, custa menos para manter e não surpreende a equipe com uma falha inesperada duas semanas depois.

A qualidade já na primeira execução é vital para a confiabilidade dos ativos porque cada ação de manutenção pode prolongar ou encurtar a vida útil do equipamento. Um trabalho malfeito cria problemas em cascata que se acumulam ao longo do tempo, enquanto a aplicação consistente do RFT injeta confiabilidade em cada intervenção.

Por que o RFT é Importante para a Confiabilidade dos Ativos

A confiabilidade dos ativos depende de cada intervenção de manutenção reforçar o que foi feito anteriormente, e não desfazer o que já estava estabelecido.

Executar certo de primeira reduz diretamente o tempo de inatividade não planejado, prevenindo os problemas recorrentes que atormentam programas de manutenção reativa.

  • Uma conexão bem torqueada não se solta antes da hora.
  • Um acoplamento corretamente alinhado não gera vibrações que destroem rolamentos.
  • Um trocador de calor limpo a fundo não volta a acumular incrustações em poucas semanas.

A relação entre qualidade na primeira execução e vida útil dos equipamentos é simples, mas muitas vezes negligenciada. Cada vez que um serviço precisa ser refeito, o ativo sofre estresse adicional — da falha em si, do processo de reparo e do ciclo de reinício. 

Componentes que deveriam durar anos começam a falhar em questão de meses quando submetidos a intervenções repetidas.

Com um RTF, isso é diferente e os ganhos financeiros com sua implementação aparecem em várias frentes, todas mensuráveis pela equipe de manutenção:

  • Menos downtime: menos falhas repetidas resultam em mais horas produtivas e menos emergências.
  • Vida útil prolongada: execução correta preserva as especificações originais e o desempenho do equipamento.
  • Menores custos de manutenção: eliminar retrabalho reduz horas de mão de obra, consumo de peças e despesas com horas extras.
  • Mais segurança: um trabalho consistente e bem-feito diminui o risco de incidentes relacionados ao equipamento.
  • Melhor qualidade de produção: ativos confiáveis entregam produtos mais consistentes, com menos defeitos.

Considere o caso de uma substituição de selo de bomba mal executada. A falha inicial já representa um custo em tempo e peças. O retrabalho dobra as horas de mão de obra e pode exigir peças urgentes. As falhas repetidas danificam o eixo da bomba, transformando um simples serviço de vedação em uma reforma completa e cara.

Por que o RFT é Importante para a Confiabilidade dos Ativos

Como Calcular o RFT

O cálculo do Right First Time (RFT) exige critérios claros e padronização dos registros de manutenção. O processo pode ser dividido em três etapas:

1. Calcular as Tarefas Livres de Defeitos

O primeiro passo é identificar quais tarefas foram concluídas sem necessidade de correção posterior. Para isso, é preciso definir critérios objetivos para o que caracteriza uma execução bem-sucedida.

Uma tarefa “livre de defeitos” é aquela que:

  • Cumpre todos os requisitos especificados;
  • Passa nas verificações de qualidade;
  • Não gera ordens de serviço complementares dentro de um período definido.

Exemplos práticos:

  • Uma troca de rolamento que funciona de acordo com sua vida útil prevista.
  • Uma inspeção preventiva que identifica corretamente todos os problemas existentes.
  • Uma calibração que mantém a precisão até o próximo intervalo de serviço.

No contexto da manutenção, o “primeira vez” significa que o trabalho foi finalizado dentro da janela originalmente planejada, sem exigir visitas adicionais, peças extras ou mão de obra além do previsto.

2. Determinar o Total de Tarefas

O segundo passo é contabilizar todas as tarefas realizadas no período de medição, que deve estar alinhado ao ciclo de planejamento da manutenção (normalmente mensal ou trimestral).

Entram nessa conta:

  • Atividades preventivas;
  • Reparos corretivos;
  • Respostas emergenciais;
  • Projetos de melhoria que impactam o desempenho dos ativos.

A chave é garantir consistência na definição e no registro: trabalhos semelhantes devem ser contados da mesma forma, independentemente de qual técnico executou ou de quando foram realizados.

3. Calcular o Percentual de RFT

É aqui que os números contam a história. A fórmula é direta:

📊 Fórmula do RFT (%):

Ou seja: basta dividir o número de tarefas concluídas sem retrabalho ou acompanhamento adicional pelo total de tarefas executadas no período, e multiplicar por 100.

Exemplo prático: se, em um mês, 200 ordens de serviço foram concluídas e 150 delas não geraram retrabalho, o RFT será:

Como interpretar os resultados

  • RFT baixo: indica desafios de procedimento, treinamento ou disponibilidade de recursos. Mostra que a operação ainda está amadurecendo e há oportunidades claras de melhoria.
  • RFT alto: está associado a programas de manutenção maduros, que já contam com processos de qualidade bem estabelecidos e execução consistente.

Como Reduzir Defeitos com o Right-First-Time e Garantia da Qualidade

A garantia da qualidade em manutenção tem foco em prevenir defeitos antes que eles aconteçam, em vez de simplesmente detectá-los depois que o trabalho já foi concluído. Essa abordagem proativa exige identificar sistematicamente os modos de falha e implementar controles que eliminem suas causas raiz.

Atacar as Causas Raiz

Uma análise eficaz de causa raiz não busca apenas identificar o que falhou, mas também entender por que falhou e como evitar que se repita. Técnicas conhecidas como os 5 Porquês, o Diagrama de Ishikawa (espinha de peixe) e a Análise de Modos de Falha (FMEA) fornecem métodos estruturados para essa investigação.

O feedback dos técnicos tem papel essencial nesse processo. Muitas vezes, profissionais experientes reconhecem sinais precoces, lacunas de procedimento ou restrições de recursos que não aparecem claramente nos relatórios de falha.

Usar a Taxa de Defeitos como Métrica de Desempenho

Acompanhar a porcentagem de defeitos traz visibilidade sobre oportunidades de melhoria e ajuda a priorizar iniciativas de qualidade. Esse indicador deve ser medido em diferentes níveis: por técnico, tipo de serviço, classe de ativo e programa de manutenção como um todo.

Para isso, é necessário:

  • Definições claras sobre o que é considerado defeito.
  • Métodos consistentes de coleta de dados.
  • Ciclos regulares de revisão.

O sistema de medição deve ser simples o bastante para uso diário, mas completo o suficiente para capturar tendências relevantes.

Ao conectar taxas de defeito a processos ou equipes específicas, é possível direcionar esforços de melhoria de forma mais precisa. Em vez de aplicar mudanças amplas e genéricas em todas as atividades, a equipe concentra recursos justamente nas áreas com maior potencial de impacto.

Ligando o RFT a Custos e Redução de Downtime

O impacto financeiro de melhorar o RFT vai muito além do custo direto do retrabalho. Equipes de manutenção que conseguem traduzir essa melhoria em valor de negócio criam casos sólidos para justificar investimentos contínuos em iniciativas de qualidade e melhoria de processos.

A relação entre RFT e MTBF (Tempo Médio Entre Falhas) é direta e mensurável: quanto maior o RFT, maiores os intervalos entre falhas, o que reduz custos planejados e não planejados e aumenta a capacidade produtiva.

O cálculo do custo do retrabalho deve considerar várias categorias de despesas que, muitas vezes, ficam ocultas no orçamento da manutenção:

  • Mão de obra direta: horas adicionais de técnicos para refazer tarefas ou realizar visitas repetidas.
  • Peças de reposição: componentes extras necessários por instalação inadequada ou falha prematura.
  • Perdas de produção: receita perdida durante o downtime prolongado por retrabalhos.
  • Problemas de qualidade: defeitos em produtos ou reclamações de clientes decorrentes de ativos pouco confiáveis.
  • Horas extras: custos elevados com manutenção emergencial que poderia ter sido evitada.

Em resumo: melhorar o RFT significa menos retrabalho, mais confiabilidade e uma operação mais rentável e segura.

Como o CMMS da Tractian Eleva a Performance do Right First Time

Alcançar resultados consistentes em RFT exige mais do que boa vontade e técnicos experientes. É preciso contar com um suporte sistemático que garanta a qualidade em todas as etapas do processo de manutenção, do planejamento inicial até a verificação final.

O desafio é que, mesmo com treinamentos e procedimentos bem definidos, muitas equipes ainda enfrentam lacunas de informação, falhas de comunicação e restrições de recursos. Na prática, isso impede que os técnicos façam um trabalho de qualidade. O que parece robusto no papel se perde no chão de fábrica quando a informação certa não chega na hora certa.

O CMMS da Tractian foi projetado justamente para resolver esse problema. 

Ao centralizar ordens de serviço digitais, garante que os técnicos tenham dados completos e precisos antes de iniciar qualquer tarefa. O histórico dos ativos oferece contexto para identificar padrões de falha e escolher estratégias de reparo mais adequadas, enquanto o design mobile-first assegura que verificações de qualidade e confirmações de execução sejam feitas em tempo real, integradas ao fluxo natural de trabalho.

Além disso, a plataforma acompanha de forma automática os indicadores que mais impactam o RFT. Taxas de conclusão, frequência de retrabalhos e tempos médios de reparo são transformados em relatórios dinâmicos que dão aos gestores clareza sobre gargalos e oportunidades de melhoria. 

Quer transformar a qualidade da sua manutenção? Descubra como o CMMS da Tractian ajuda equipes a alcançar taxas mais altas de RFT com melhor planejamento, execução e melhoria contínua.

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