MTBF, MTTR e disponibilidade em usinas: como medir e melhorar

MTBF, MTTR e disponibilidade em usinas: como medir e melhorar

A diferença entre operações lucrativas e operações com grandes prejuízos operacionais geralmente está na capacidade de medir, entender e melhorar três indicadores fundamentais: MTBF (Tempo Médio Entre Falhas), MTTR (Tempo Médio Para Reparo) e disponibilidade. 

Em usinas sucroalcooleiras, o tempo que a cana cortada passa sem ser processada pode resultar em perdas significativas de açúcares redutores totais. Em termelétricas, os custos de partida após paradas podem representar um impacto financeiro significativo para a operação. Em hidrelétricas, uma turbina fora de operação significa energia não gerada e até penalidades contratuais, por isso é essencial minimizar perdas e riscos. 

Este artigo mostra como esses indicadores se apresentam em usinas, além dos desafios e estratégias para transformar sua operação em um sistema altamente eficiente.

Veja também:

O que diferencia a arquitetura operacional de usinas de outras indústrias

Usinas industriais são sistemas complexos de transformação energética e produtiva que operam sob condições de alta demanda de disponibilidade. 

Diferentemente de plantas industriais convencionais, as usinas caracterizam-se por processos contínuos de grande escala, onde a interdependência entre equipamentos críticos cria pontos únicos de falha com impacto sistêmico.

Em uma usina sucroalcooleira, por exemplo, uma parada não planejada podem causar a degradação da matéria-prima e impactar significativamente a receita. Esses custos somados ao gastos de partida após períodos de inatividade e o risco de penalidades contratuais tornam fundamental a adoção de estratégias para reduzir o tempo de inatividade. 

Uma gestão baseada em indicadores como MTBF, MTTR e disponibilidade cria espaço para uma operação menos reativa e com mais previsibilidade, reduzindo os custos emergenciais e trazendo mais estratégia para cada decisão.

MTBF, MTTR e disponibilidade: conceitos essenciais para a eficiência operacional

O Tempo Médio Entre Falhas (MTBF), Tempo Médio Para Reparo (MTTR) e disponibilidade formam a tríade fundamental para medir e gerenciar a confiabilidade operacional em usinas. 

Entenda cada um deles:

MTBF (Tempo Médio Entre Falhas)

O MTBF mede quanto tempo, em média, um equipamento funciona antes de apresentar uma falha. Em termos práticos, é o indicador que revela se seus equipamentos são confiáveis a longo prazo ou se você está constantemente apagando incêndios.

Para calcular o MTBF, divida o tempo total de operação pelo número de falhas ocorridas no período

Se uma moenda operou 720 horas em um mês e apresentou 3 falhas, o MTBF é de 240 horas. Ou seja, estatisticamente, você pode esperar uma falha a cada 240 horas de operação, em média. 

Um MTBF alto indica equipamentos confiáveis que operam por longos períodos sem interrupção, enquanto um MTBF baixo sinaliza problemas recorrentes que exigem atenção imediata. Prestar atenção nesse indicador é essencial para aumentar a vida útil dos ativos e garantir que eles estão trazendo mais lucro que prejuízo.

Em usinas sucroalcooleiras, a busca por um MTBF elevado nas moendas é fundamental para garantir a confiabilidade operacional e evitar intervenções emergenciais — principalmente em regiões competitivas como Quirinópolis, onde a eficiência máxima é essencial para o sucesso do negócio.

MTTR (Tempo Médio Para Reparo)

O MTTR representa o tempo médio necessário para restaurar um equipamento após uma falha. Este indicador reflete diretamente a eficiência da sua equipe de manutenção e a qualidade dos seus processos de reparo.

Vários fatores afetam o MTTR: disponibilidade de peças, treinamento da equipe, qualidade dos procedimentos de manutenção e organização do almoxarifado. 

Uma equipe bem treinada com peças disponíveis pode reduzir drasticamente o tempo de reparo. Por outro lado, a falta de preparação pode transformar um reparo simples em horas de parada.

Em usinas, cada minuto de MTTR economizado representa economia direta. Uma redução de 2 horas no MTTR médio de equipamentos críticos pode representar economia de centenas de milhares de reais por safra.

Disponibilidade

A disponibilidade é o indicador mais importante para gestores, porque combina MTBF e MTTR em uma métrica única que reflete a performance geral dos equipamentos. Ela responde à pergunta fundamental: por quanto tempo meus equipamentos estão realmente produzindo?

A fórmula básica da disponibilidade é:

Disponibilidade = [MTBF ÷ (MTBF + MTTR)] x 100%

Imagine uma bomba de água de circulação em uma termelétrica. Nos últimos 6 meses, o histórico desse equipamento mostra um MTBF de 500 horas e um MTTR de 5 horas. Substituindo os valores na fórmula, isso significa que ela tem disponibilidade de 99%.

Isso significa que a bomba fica disponível para operar 99% do tempo, considerando falhas e tempo de reparo. Em uma operação contínua (24/7), 1% de indisponibilidade equivale a cerca de 7,3 horas por mês parado, um ótimo resultado para ativos críticos.

Se essa mesma bomba tivesse MTTR de 15 horas, mantendo o mesmo MTBF, a indisponibilidade sobe de ~7 h/mês para ~21 h/mês. Um impacto grande na produção e nos lucros, mesmo sem considerar aumento na frequência de falhas. 

Os padrões desejáveis de disponibilidade podem variar conforme o tipo de usina e o nível de gestão e manutenção adotado. Por isso, é importante que cada operação entenda seus objetivos e busque continuamente aprimorar os indicadores para maximizar a produtividade dentro do possível de cada grupo de ativos. 

Veja esse guia gratuito para medir os indicadores da sua manutenção.

Fatores da manutenção em usinas que afetam os indicadores

Para melhorar os resultados de MTBF, MTTR e disponibilidade em usinas, é essencial prestar atenção nos pontos fracos, em que a maioria das operações peca por falta de planejamento ou registro.

Muitas operações ainda dependem de planilhas dispersas, anotações manuais e memória institucional para basear suas decisões. Essa falta de dados históricos confiáveis representa o primeiro obstáculo para melhorar indicadores em usinas.

A predominância da manutenção reativa sobre a proativa é outro desafio crítico. Equipes sobrecarregadas com emergências não conseguem dedicar tempo adequado à prevenção, criando um ciclo vicioso em que problemas pequenos evoluem para falhas custosas.

Além disso, outros desafios operacionais incluem:

  • Escassez de peças de reposição: Falta de planejamento de estoque gera paradas prolongadas
  • Treinamento inadequado: Técnicos sem capacitação específica demoram mais para diagnosticar e reparar
  • Processos não padronizados: Cada técnico trabalha de forma diferente, gerando inconsistências
  • Comunicação deficiente: Informações importantes se perdem entre turnos e equipes
  • Falta de priorização: Todos os equipamentos recebem a mesma atenção, independente da criticidade

Esses obstáculos se manifestam de formas diferentes em cada tipo de usina, mas o impacto é sempre o mesmo: redução da confiabilidade, aumento dos tempos de reparo e queda na disponibilidade geral.

Fatores da manutenção em usinas que afetam os indicadores

Estratégias práticas para melhorar MTBF, MTTR e disponibilidade em usinas

Sabendo como os indicadores podem mudar a sua manutenção e quais são os obstáculos para bons resultados, vamos agora entende como melhorar esses índices na sua operação.

Veja estratégias eficazes para melhorar o MTBF, MTTR e disponibilidade:

Criticidade e planejamento de manutenções preventivas 

A definição da frequência de manutenções deve considerar alguns fatores: histórico de falhas, recomendações do fabricante, condições operacionais e criticidade do equipamento.

A análise de criticidade é o ponto de partida para qualquer plano preventivo eficiente, considerando que equipamentos críticos exigem atenção diferenciada comparado a sistemas auxiliares de pátios industriais. Um redutor de moenda, por exemplo, que opera 24 horas por dia em ambiente com alta concentração de bagaço precisa de intervalos menores que um motor de bomba auxiliar.

A análise de impacto deve considerar não apenas a parada do equipamento específico, mas os efeitos em cascata. A falha de uma bomba de alimentação de caldeira pode parar toda a geração de vapor, afetando múltiplos processos simultaneamente.

Pensar em estratégias diferenciadas por nível de criticidade otimiza recursos. Equipamentos críticos recebem manutenção preditiva com monitoramento contínuo, equipamentos importantes seguem preventiva rigorosa, e equipamentos de baixa criticidade operam com manutenção básica até a falha.

Além disso, o que vai garantir um plano de manutenção consistente é um sistema de documentação claro. Cada tarefa preventiva deve ter roteiro detalhado, especificando ferramentas necessárias, pontos de verificação, parâmetros aceitáveis e critérios de aprovação ou reprovação.

Veja como montar um plano de ação na manutenção para tornar sua gestão mais eficiente e sem erros.

Criação de fluxos de trabalho otimizados para reduzir o MTTR

Para reduzir o tempo que a equipe gasta fazendo a manutenção, criar fluxos de trabalho orgânicos e dinâmicos é fundamental.

Kits de emergência pré-montados e organizados eliminam o tempo perdido procurando peças durante uma falha. Para equipamentos críticos, manter conjuntos completos de componentes mais propensos a falhas pode reduzir o MTTR significativamente.

A comunicação eficiente entre turnos e especialidades é outro ponto de atenção que transforma os indicadores de eficiência. Para acelerar o diagnóstico e a mobilização da equipe adequada, tenha protocolos claros para reportar falhas, incluindo sintomas observados, ações já tomadas e recursos necessários.

O treinamento específico també desempenha um papel importante e deve incluir simulações práticas de falhas comuns. Técnicos que já praticaram a troca de um rolamento de moenda em condições controladas executam o reparo real com muito mais agilidade e segurança.

Como um CMMS transforma a rotina em usinas

Para manter o controle de todos os indicadores, documentação e histórico de uma planta de usina industrial, é preciso ter fôlego. Fazer todos esses processos com planilhas manuais ou papéis dispersos pode ser um desperdício de tempo e recursos.

A centralização de dados de manutenção em uma plataforma única elimina a dispersão de informações que caracteriza operações tradicionais. Históricos de falhas, procedimentos, custos e indicadores ficam acessíveis a toda equipe, criando uma base sólida para decisões técnicas e gerenciais.

Um CMMS transforma procedimentos manuais em estratégias sistematicas e intuitivas. Por meio da automatização de ordens de serviço, quando um equipamento atinge determinado número de horas de operação ou apresenta parâmetro fora da normalidade, o sistema gera automaticamente a ordem de manutenção com procedimentos, peças e recursos necessários.

Grandes operações industriais como a Impasa e a Atvos já reconhecem a importância da integração de dados e usam a tecnologia na prática, economizando milhões de reais em manutenção e aumentando a produtividade de forma considerável.

As funcionalidades de um CMMS para usinas incluem:

  • Gestão de estoque integrada: Controle automático de peças críticas com alertas de reposição
  • Análise de tendências: Identificação de padrões de falha para ação preventiva
  • Documentação 100% digital: Manuais, diagramas e procedimentos acessíveis no campo online e offline
  • Rastreabilidade completa: Histórico detalhado de intervenções para análise de eficácia
  • Dashboards em tempo real: Visualização instantânea de indicadores críticos

Além da eficiência dos ativos, a gestão de estoque de peças se torna estratégica quando integrada ao CMMS. O sistema monitora consumo histórico, prevê necessidades futuras e alerta sobre itens críticos em falta, evitando paradas por indisponibilidade de componentes.

Como o CMMS da Tractian pode transformar os indicadores da sua usina

A gestão adequada de MTBF, MTTR e disponibilidade é uma necessidade estratégica para usinas que buscam competitividade e sustentabilidade financeira. Os resultados comprovam: operações que implementam controle rigoroso desses indicadores alcançam reduções significativas em custos operacionais e aumentos substanciais em produtividade.

Mas a maioria das usinas ainda opera com sistemas fragmentados, planilhas desatualizadas e processos manuais que impedem a visibilidade necessária para melhorias consistentes. Sem dados confiáveis e processos padronizados, qualquer iniciativa de melhoria fica limitada a ganhos pontuais e temporários.

O CMMS da Tractian foi desenvolvido especificamente para resolver esses gargalos operacionais em usinas industriais. Desde o primeiro dia de uso, ele oferece a centralização completa de dados de manutenção, a automatização de ordens de serviço baseada em criticidade de ativos e dashboards em tempo real que transformam números em insights realmente úteis.

Para usinas, o CMMS da Tractian oferece funcionalidades específicas como gestão de estoque integrada para peças críticas, análise preditiva de falhas baseada em histórico operacional e documentação digital acessível no campo, mesmo offline. Tudo isso com implementação rápida e integração nativa com sistemas existentes.

O resultado é uma operação de manutenção que evolui de reativa para preditiva, onde cada decisão é baseada em dados reais e cada intervenção é otimizada para máximo impacto nos indicadores de performance.

Quer extrair o potencial máximo da sua usina utilizando o que você já tem?

Conheça o CMMS da Tractian e aumente a disponibilidade da sua operação com uma solução desenvolvida para a realidade industrial brasileira.
Erik Cordeiro
Erik Cordeiro

Engenheiro de Aplicações

Engenheiro de Aplicações na Tractian, Erik Cordeiro é formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de São Carlos e Pós-Graduado em Gestão de Manutenção, com especialização em manutenção industrial e gestão de energia. Com alta expertise em operações industriais e amplo domínio de manutenção preditiva, Erik é referência em soluções para aumentar a confiabilidade em plantas fabris.