O que muda quando suas OS têm rastreabilidade total

Geraldo Signorini

Atualizado em 23 dez. de 2025

O que muda quando suas OS têm rastreabilidade total

O que muda quando suas OS têm rastreabilidade total

Na rotina de manutenção industrial, não saber exatamente o que foi feito, por quem e com quais recursos pode ser um problema dos caros. Quando as ordens de serviço circulam em planilhas soltas ou aplicativos desconectados, cada decisão exige investigação manual e cada atraso abre margem para falhas repetitivas.

A falta de rastreabilidade na manutenção corrói a capacidade da equipe de planejar, investigar causas raiz, priorizar o que realmente importa e comprovar o que foi executado. É como trabalhar no escuro, tendo que deduzir o que já foi feito e onde é seguro investir.

Por outro lado, quando toda a informação técnica circula de maneira estruturada, as análises ficam precisas, as decisões deixam de ser reativas e a confiabilidade da planta cresce de forma sustentável.

Este guia traz os benefícios de ter rastreabilidade das suas ordens de serviço, como a tecnologia pode entrar a seu favor e exemplos reais de rastreabilidade de OSs manutenção industrial.

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Por que ordens de serviço sem rastreabilidade corroem a sua manutenção

Quando a manutenção não registra de forma clara o que acontece em cada OS, toda a operação perde referência. Sem um histórico confiável, responsáveis definidos, tempos reais e evidências do serviço, o gestor passa a trabalhar em um ambiente onde a informação nunca está completa, o que pode custar caro.

O primeiro impacto aparece na investigação de falhas. Sem rastros do que já foi feito, a equipe precisa reconstruir o passado sempre que um problema retorna. O técnico tenta lembrar qual ajuste aplicou, se a peça usada era nova ou reaproveitada, quanto tempo o ativo ficou parado. E quando essas respostas não existem, vira um jogo de tentativa e erro. Aos poucos, problemas recorrentes deixam de ser exceção e passam a fazer parte da rotina.

A falta de rastreabilidade também compromete o planejamento. Se ninguém sabe ao certo quanto tempo uma atividade costuma levar, quantas pessoas foram necessárias ou quais materiais foram consumidos, é impossível montar uma agenda realista. O backlog cresce sem explicação, tarefas se acumulam e o gestor perde a capacidade de priorizar com precisão.

Outro efeito colateral é a variabilidade entre turnos e técnicos. Sem registros consistentes, cada profissional trabalha do seu próprio jeito. Isso gera resultados diferentes para o mesmo tipo de intervenção, dificulta a padronização e torna a operação menos previsível. Em plantas de alta cadência, essa diferença rapidamente se transforma em risco.

Além disso, há o impacto nas auditorias e na conformidade. Quando a empresa não consegue comprovar o que foi feito, com que procedimento e por qual responsável, ela fica exposta a questionamentos que afetam qualidade, segurança e até a continuidade da produção.

No fim, ordens de serviço sem rastreabilidade não são só um problema de organização. São uma barreira direta à confiabilidade da manutenção, porque impedem a construção de processos consistentes, comparáveis e sustentáveis ao longo do tempo.

O que significa rastreabilidade total

Ter rastreabilidade total significa ter uma visão completa, confiável e permanentemente acessível de tudo que envolve uma intervenção de manutenção, desde o contexto que gerou a demanda até os resultados obtidos depois da execução.

Na prática, isso significa que cada ordem de serviço carrega consigo um pacote de informações estruturadas, que eliminam dúvidas e reduzem interpretações subjetivas. 

Os elementos essenciais incluem:

  • Histórico do ativo e da falha
  • Responsáveis, tempos e sequência de execução
  • Checklists, instruções e anexos integrados
  • Materiais e recursos utilizados
  • Evidências para auditoria e análise de causa raiz

A rastreabilidade total é, acima de tudo, a substituição da dependência de memória humana por um fluxo inteligente de informação. É o que permite transformar a OS em um ativo de conhecimento, um registro completo que fortalece o planejamento, acelera diagnósticos e eleva a maturidade da manutenção.

O impacto direto da rastreabilidade na confiabilidade da operação

Quando a equipe passa a registrar cada intervenção de forma estruturada, a manutenção deixa de ser guiada por percepções e passa a operar com fatos. 

A rastreabilidade cria um histórico rico, padronizado e auditável, que alimenta diagnósticos, planos e decisões. Isso afeta diretamente a confiabilidade industrial.

Veja a seguir como essa transformação acontece na prática:

O impacto direto da rastreabilidade na confiabilidade da operação

Melhora radical na precisão de diagnósticos e análises de falha

Com rastros claros do que foi feito, quando e sob quais condições, o técnico deixa de “adivinhar” a origem de uma falha. O histórico da OS deixa nítidos os padrões de comportamento: modos de falha recorrentes, comportamentos anormais entre produtos, intervalos curtos entre intervenções e até desvios de procedimento.

Um exemplo claro é o da ICL, líder global na produção de sais de fosfato para aditivos alimentares,  onde a repetição de alertas e registros associados a um ativo identificados pela análise dos históricos das OS revelou inconsistências no plano de trabalho.

Com base nessa trilha de dados, o time revisou o procedimento e eliminou as reincidências. O equipamento, que já havia provocado uma parada de 30 dias no passado, voltou a operar de forma estável, com melhorias expressivas de confiabilidade e sem novas falhas do mesmo tipo. Aliando sensores de monitoramento e um sistema de gestão, a gigante aumentou o OEE em 41%.

Quando cada intervenção gera dados consistentes, o diagnóstico passa a ser cumulativo: cada OS alimenta a próxima com mais precisão, acelerando análises de causa raiz e fortalecendo a tomada de decisão.

Preventivas calibradas com dados reais

Sem rastreabilidade, planos preventivos costumam ser baseados em recomendações genéricas ou em intervalos definidos “por segurança”. O problema é que essa abordagem raramente reflete o comportamento real do ativo. Muitas vezes, são feitas manutenções em excesso e mesmo assim, se tem mais risco de falhas.

Quando cada OS traz dados consistentes sobre sintomas, ações executadas, horas paradas, peças substituídas e performance pós-intervenção, a equipe passa a enxergar como o equipamento realmente se comporta ao longo do tempo. Esse histórico transforma o plano preventivo em algo dinâmico, ajustado por evidências e não por suposições.

A experiência da Inpasa ilustra bem esse avanço. Com mais de 15 mil ativos em operação contínua, a empresa precisava de planos preventivos que acompanhassem a agressividade das condições de processo. A combinação entre monitoramento e registros detalhados de OS permitiu identificar padrões de falha, revisar intervalos e redirecionar esforços para atividades de maior impacto. 

Esse refinamento elevou a disponibilidade das unidades a níveis de classe mundial, alcançando média de 99,76%, com redução significativa de horas de parada e retrabalho nas preventivas.

Em vez de desmontar um equipamento saudável sem necessidade ou acabar deixando passar uma falha em evolução, o técnico atua no momento certo. Planos deixam de ser estáticos e passam a responder à realidade da planta, com menos custos e mais confiabilidade.

Redução de variabilidade entre técnicos e turnos

Sem registros padronizados, cada técnico executa a mesma tarefa de um jeito diferente. Isso cria inconsistências, risco de retrabalho e perda de conhecimento quando alguém troca de turno ou deixa a empresa.

Com rastreabilidade total, especialmente quando conta com checklists e anexos, a execução passa a seguir um padrão único. A OS se torna uma referência operacional, não só uma obrigação administrativa.

Esse efeito é nítido em operações de alta cadência, como a Fini, gigante do setor alimentício. Ao adotar um sistema de gestão que estruturou as ordens de serviço e permitiu registrar cada etapa em campo, a empresa reduziu drasticamente a variabilidade entre turnos.

Isso se refletiu em resultados concretos: 41% de aumento no cumprimento das preventivas no prazo, além de maior consistência nas rotinas e melhor disciplina operacional ao longo dos meses. Ter menos variação na execução também trouxe menos retrabalho e menos falhas reincidentes, o que fortaleceu muito a previsibilidade das linhas de produção.

Padronizar não significa engessar. Significa garantir que a atividade crítica seja feita da forma certa, sempre. Quando cada OS traz instruções claras e a equipe registra o que fez, os diferentes turnos passam a trabalhar como um time único, com a mesma linguagem e os mesmos padrões de qualidade.

Backlog mais inteligível e priorizável

Sem rastreabilidade, o backlog vira uma lista opaca de tarefas acumuladas. Falta contexto para entender por que uma ordem de serviço está parada, quais ativos mais demandam atenção ou onde estão os gargalos. As OSs são priorizadas com base na urgência percebida, não em criticidade real.

Quando cada OS traz histórico, tempo de execução, materiais utilizados, reincidência e impacto no ativo, o backlog ganha significado real. O gestor passa a enxergar padrões, eliminar duplicidades, identificar tarefas improdutivas e direcionar recursos para o que realmente sustenta a confiabilidade da planta.

Ao estruturar suas ordens de serviço e registrar as atividades de forma consistente, a Fini ganhou clareza sobre o fluxo de trabalho e conseguiu reduzir o backlog em 57%, além de reduzir o MTTR em 32%, resultados diretos de uma operação que finalmente enxerga o que precisa ser feito e qual a prioridade.

De que maneira um CMMS cria rastreabilidade real

A rastreabilidade só se sustenta quando a informação nasce estruturada e segue o mesmo padrão em todas as ordens de serviço. É exatamente isso que um CMMS entrega: um ambiente onde cada intervenção é registrada de forma consistente, conectada e impossível de se perder no meio do caminho.

Tudo começa pela estrutura inteligente da OS. Em vez de campos soltos e anotações subjetivas, o CMMS reúne metadados essenciais (ativo, localização, prioridade, modo de falha, responsável e prazos) e incorpora checklists, anexos, fotos e instruções técnicas diretamente no fluxo de trabalho. 

Isso reduz a variabilidade, orienta o técnico em campo e garante que cada etapa executada seja registrada com clareza.

O segundo pilar é a conexão automática entre tempo, materiais, ativos e responsáveis. Ao registrar uma atividade, o sistema vincula automaticamente horas apontadas, peças utilizadas, histórico do ativo e movimentação de estoque. 

A OS passa a refletir exatamente o que ocorreu em campo, sem depender de controles paralelos ou atualizações posteriores. Esse encadeamento cria uma trilha única que acompanha toda a vida útil do equipamento e evita os erros típicos de registros manuais.

Por fim, a rastreabilidade se torna base para auditorias e para a própria confiabilidade da manutenção. Cada mudança de status, anexação de evidência, consumo de peças ou ação de um técnico gera um registro inviolável, composto por data, hora e responsável.

Em auditorias, isso elimina dúvidas e comprova que o processo seguiu o procedimento definido. No dia a dia, permite análises precisas sobre reincidência, causa raiz, tempo de resposta e eficiência da equipe.

Como o CMMS da Tractian te dá rastreabilidade de toda a operação

A rastreabilidade total que descrevemos ao longo deste guia só acontece quando o registro nasce no campo, sem fricção, e segue o mesmo padrão até o fechamento da OS. É exatamente esse fluxo que o CMMS da Tractian viabiliza.

A plataforma estrutura cada intervenção com metadados, checklists inteligentes, fotos, vídeos e instruções técnicas integradas. Técnicos registram a execução direto do chão de fábrica, até offline, e todo apontamento é vinculado automaticamente ao ativo, às peças utilizadas e ao responsável pela atividade. Isso cria uma trilha completa, confiável e pronta para auditorias.

O que se tem é uma manutenção mais previsível, com históricos consolidados, backlog inteligível e decisões baseadas em dados reais. E empresas como a ICL, Inpasa e Fini mostram que essa rastreabilidade se traduz em mais disponibilidade, menos reincidências e operações mais seguras e eficientes.

Se você quer elevar a maturidade da sua manutenção e ter visibilidade real do que acontece na sua planta, o CMMS da Tractian é o caminho para centralizar processos, padronizar rotinas e registrar tudo com precisão.

Agende uma demonstração do CMMS da Tractian e conheça como a rastreabilidade pode transformar o dia a dia da sua equipe.
Geraldo Signorini
Geraldo Signorini

Engenheiro de Aplicações

Geraldo Signorini é o Diretor Global de Implementação da Tractian, liderando a integração de soluções industriais inovadoras em todo o mundo. Com sólida experiência em confiabilidade e gestão de ativos, possui as certificações CAMA e CMRP e atua como membro do conselho da SMRP, contribuindo para a comunidade global de manutenção. Geraldo é mestre em Engenharia de Confiabilidade e tem ampla expertise em estratégia de manutenção, manufatura enxuta e automação industrial, conduzindo iniciativas que elevam a eficiência operacional e posicionam a manutenção como pilar fundamental da performance industrial.